Ontem, pelo fim da tarde eu fui até à estação de metro.
Quando o metro parou eu vi um rosto. As portas abriram-se, eu respirei fundo e entrei dentro da carruagem.
Sentei-me onde aparentemente não havia mais ninguém e fiquei a contemplar o seu rosto através do reflexo na janela.
Ele tinha o cabelo suado e a cor da bandana estava gasta.
Trazia a musica, eu não conhecia mas isso não importava porque eu conseguia mesmo senti-la. Os seus pés usavam botas e abanavam ao ritmo da bateria, cada vez mais forte, e mais rápido ao mesmo tempo que fazia com que o meu coração acompanha-se a batida.
Foi então que abriu os olhos num gesto repentino e eu senti-me desajeitada.
Reparei que faltava uma paragem para mudar de linha. Foi quando ele se levantou, e eu levantei-me a seguir.
O metro parou. Ele saiu e eu saí também. Parei e olhei em redor para saber para onde tinha de ir e foi então quando reparei que tinha que ir para o mesmo sitio que ele. Segui os seus passos mas não de propósito e foi como se ele corresse com medo de mim. Foi então que percebi quem ele era. Ele eras tu! (:
No outro dia quando te vi, fiz o mesmo de sempre. Estavas com ela e então eu fiz uma cara de nojo. Foi então que tu reparaste em mim, ias entrar mas decidiste voltar a trás… Pois há sítios em que nos não pertencemos e nunca iremos pertencer. Pousaste o teu braço direito sob o ombro dela impedindo que ela entrasse, olhaste para mim e sorriste. Foi então que eu tive de parar de fazer aquela cara, pois os teus olhos doces, o teu sorriso perfeito e os teus braços, digamos que tudo em ti realmente me impede de fingir que me repugnes. Sempre que fazes essa carinha lembro me daquele dia em que ia ter com o “outro ele” e te encontrei por acaso, pensei em mil e uma coisas e tu, com os lábios e com os olhos, sorriste para mim. Acenaste-me e eu retribuí. Ainda hoje, aliás todos os dias penso no que estarás a pensar quando me mandas esse sorriso discreto.
A toda hora deparamo-nos com escolhas, eu fiz as minhas e não me arrependo. Mas é que as vezes tenho curiosidade de saber o que aconteceria se eu tivesse feito outras opções. De qualquer forma, que importa isso se eu continuo a receber o teu sorriso perfeito?